terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Duatlo do Jamor 2012

Pela 3ª vez, participei no Duatlo do Jamor, a prova que abre a época de 2012. Novo ano, novo figurino: regressei ao meu Clube Olímpico de Oeiras, clube que me proporcionou a minha iniciação no Triatlo/Duatlo, na época de 2009. A 1ª prova da época custa sempre, é a habituação a tudo, e um teste à forma física e à eficácia dos treinos. A minha forma física não estava muito boa... Uma inusitada dor lombar incomodou-me bastante durante a prova. Mas lá dei o meu contributo para a equipa feminina do Olímpico, da melhor maneira que sei e pude!

A corrida é sempre dura, muita gente junta e aquela subida final, feita 2 vezes no 1º segmento

O BTT é um verdadeiro desafio, para quem gosta e para quem não gosta! Para quem gosta dá muito gozo; para quem não gosta, dá uns bons tombos ou cuidados redobrados, o que se traduz numa certa lentidão para quem está habituado basicamente a asfalto. Este ano havia a grande benesse do piso estar completamente seco. Porreiro, já não tenho de lavar a bike! :-)

Também tive uma grande mais valia comparativamente ao ano passado: levei uma bicicleta de roda 29! E que diferença! Apesar das dores lombares, acho que ainda consegui melhorar o tempo do segmento...

A corrida final custou-me bastante, e já ia toda empenada dos lombares, mas qual não foi a minha surpresa quando ainda fui buscar o 2º lugar de Vet Fem I?? E não éramos 2, mas sim 5...

O Clube Olímpico de Oeiras ficou no 2º lugar por equipas femininas.

Agora, venha o Duatlo das Lezírias, se as minhas costas deixarem... ;-)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Patagónia Luso Expedition/Operação Nariz Vermelho

Tenho evitado escrever no blog sobre o rescaldo desta viagem, que decorreu entre 12 de Novembro e 15 de Dezembro de 2011... Isto porque não há palavras ou resumos que permitam descrever uma ínfima parte da beleza, do fascínio, do sofrimento, do isolamento e de tantos, tantos sentimentos e sensações sentidas em cada um dos dias passados na Patagónia. A pedido de alguns meios de comunicação, tivemos de, ainda assim, tentar resumir... O texto que aqui vos deixo foi preparado para a Visão Viagens e para a Sport Life. É apenas uma tentativa, para mim infrutífera, de vos transmitir em poucas palavras o que se sente numa viagem assim, em total autonomia e entregues a nós próprios. O meu conselho é fazerem-no uma vez... e perceberão de que falo! Uma viagem de 2200 kms em bicicleta à Patagónia chilena e argentina, em regime de autonomia, era o sonho que acalentávamos há muito tempo. Um sonho demasiado grande para ser só nosso. Uma bicicleta também é um objecto de sonho. Se dermos uma bicicleta a uma criança, o sonho dela realiza-se. Por isso, partilhámos a nossa viagem da melhor forma que sabíamos: viajámos a favor da Operação Nariz Vermelho, uma IPSS cuja missão é distribuir alegria pelas crianças hospitalizadas, tornando assim a doença menos dolorosa, e transformando a sua estadia em sorrisos. Por cada km que fôssemos pedalar na Patagónia, ambicionámos angariar 1 euro. O objectivo foi totalmente alcançado, e com isso mais crianças poderão continuar a sorrir. Partimos assim para a Patagónia completamente motivados, conscientes de que nenhum km pedalado seria em vão. No imaginário de todos nós, a Patagónia corresponde a um território misterioso, longínquo, sinónimo de aventura. Foi isso mesmo que nos atraiu nessa região. Viagens em bicicleta, para nós, são sempre sinónimo de aventura e de incerteza. Nunca sabemos o que vamos encontrar! O nosso planeamento era um esboço, que poderia mudar consoante as condições que viéssemos a encontrar: o clima, o isolamento, a existência de povoados e a própria receptividade das comunidades locais, seriam os factores que iriam determinar o desenrolar do nosso périplo por terras da Patagónia. E nunca pensámos que, de facto, viéssemos a ser tão condicionados como fomos. Iniciámos a nossa viagem de bicicleta em Balmaceda, no Chile, e tínhamos como destino final Ushuaia, a cidade mais austral do planeta, na Argentina. Pelo caminho, cruzaríamos várias vezes as fronteiras destes 2 países, em busca dos locais mais belos do planeta: os Andes sempre ao lado, os glaciares, os parques nacionais, os lagos imensos, as montanhas nevadas como pano de fundo, e muita vida selvagem, protegida em habitats que são autênticos postais ilustrados destes dois países. Por ser um território rico em lagos e fiordes, foi preciso efectuar diversas travessias de ferry-boat, cujos horários e regularidade extremamente reduzidos, foram um factor determinante nas etapas que tivemos de adaptar, e mais uma agravante da nossa fadiga, que atingiu proporções que nunca havíamos conhecido, apesar de toda a experiência que possuímos. Na Patagónia, a palavra “isolamento” não chega para transmitir a quase total ausência de povoados (na verdadeira acepção do termo) e de infra-estruturas simples que possam servir de apoio, tais como locais para abastecer. A média diária de kms foi pensada para cerca de 100. No entanto, por força das circunstâncias, fomos obrigados a percorrer médias que chegavam aos 150kms por dia, em busca de um tecto e de algum minúsculo povoado onde pudéssemos comprar víveres para restabelecer e para levar para o(s) dia(s) seguinte(s). No Chile, eram as pessoas que nos recebiam nas suas próprias casas, que cozinhavam para nós e que nos cediam dormida. Este é um complemento importante na economia das pequenas povoações locais. Na Argentina, éramos muitas vezes recebidos em “estancias”, herdades de muitos hectares onde vivem os próprios trabalhadores, em comunidades que assim se tornam autênticas aldeias. Na Isla Grande de Tierra del Fuego, como antes já sentíramos na Patagónia, vivemos os momentos mais dramáticos relacionados com o isolamento e com a falta de povoados. Mas a hospitalidade e boa vontade de quem encontrávamos, ajudava-nos sempre a ultrapassar as dificuldades. Para essas pessoas, a nossa gratidão será eterna. Não esqueceremos o dia em que o vento lateral que nos fazia cair, nos consumiu 4h para fazer 16kms, e nos obrigou a buscar refúgio num destacamento de polícia, onde o Sargento de serviço nos deu guarida. Assim como não esqueceremos a cedência de uma instalação de bombeiros em Villa Tehuelches para pernoitarmos, bem como a funcionária da Municipalidade, que me levou à sua própria casa para tomar um duche quente, após 150kms de vento forte e sem alojamento disponível nem local onde comer. Da Patagónia trouxemos as melhores recordações, das pessoas que nos ajudaram, das memórias fotográficas de paisagens impossíveis de adjectivar e que guardaremos para sempre, das dificuldades imensas que tivemos de superar sozinhos e sem recurso a qualquer meio de transporte alternativo… A Patagónia encerra um dos últimos territórios quase virgens do nosso planeta, em que o ser humano se sente parte integrante do habitat. A bicicleta permite essa integração e esse sentimento. A bicicleta torna-nos mais vivos, mais atentos e mais autênticos, numa busca diária pela sobrevivência num território pouco favorável à abundância. Na Patagónia transpira-se autenticidade e simplicidade… Crónicas e fotos na Visão Viagens online.