sexta-feira, 31 de julho de 2015

X TITAN DESERT by Garmin - O DAKAR EM BICICLETA


“(…) Vais iniciar uma experiência que desde o momento em que decidiste abraçá-la ela já mudou a tua vida, a tua rotina, a tua relação com a família e amigos, porque é muito o esforço que fizeste e muitas as coisas que deixaste para segundo plano. (…) Tudo fizemos para que no fim deste percurso, após os 600kms e no fim de cada noite quando olhares para as estrelas e duvidares se amanhã irás conseguir, a recordação da experiência fique tatuada na tua alma como algo único e inesquecível. (In Race Book Titan Desert by Garmin)


Assim é a Titan Desert, PURA AVENTURA! Essa é a palavra que define o Titan. Quem não se sentir bem fora da sua zona de conforto durante vários dias não desfrutará deste desafio, não se dará ao deserto, não se misturará com o ar quente e seco, não inalará o odor do incenso e outros aromas tipicamente marroquinos.

Um acampamento TITAN tem este aspecto...

A Bikes World Portugal foi a promotora do concurso que me levou a esta prova mítica, um autêntico Dakar em bicicleta! Desde os acampamentos no meio do nada, de uma dimensão gigante para 600 participantes, alojados em “haimas” (tendas marroquinas feitas com panos de lã e erguidas com grandes estacas), com direito a tenda-restaurante com buffet aberto desde a chegada dos primeiros ininterruptamente até às 17h, e depois de novo para jantares, pequenos-almoços desde as 5h da manhã; bar para venda (com os “titanitos”, espécie de moeda oficial da prova) de bebidas e alguns extras; duches, WCs e toda uma estrutura de apoio, com 300 elementos no staff, camiões para o transporte diário de bagagens e material variado, helicóptero, jipes… Assim se percebe que esta organização com 10 anos de experiência seja uma máquina logística bem oleada, capaz de proporcionar uma experiência do deserto que só quem o conhece poderá avaliar bem.
Pela descrição, parece que temos muitas facilidades? Pura ilusão. Após cruzarmos a meta vem a 2ª parte da etapa: há que ir buscar o saco, que está numa fila de outros tantos, pousado no solo cheio de pó, sob um sol directo que facilmente atinge os 45º ou mais, arrastá-lo ou pegar-lhe em peso (uns 20kgs) e procurar a nossa “haima” no longo labirinto (bem sinalizado) do acampamento. Desde o momento em que tomamos o merecido duche até ao momento em que, ao final da tarde, começa a ficar um pouco mais fresco, o suor continua a escorrer pelo corpo, a sede continua apesar dos líquidos ingeridos, o nariz continua incrivelmente seco e chega a sangrar devido ao calor e ausência de humidade, e o único local onde se consegue estar é na tenda-bar, onde passamos o tempo espojados nos tapetes marroquinos ou nos “puffs”. Os mais afortunados vão às massagens (serviço bem pago), e os menos recheados (como eu!) limitam-se ao precioso serviço Compex diário, patrocinador que oferece todos os dias 20min (dá para uma “siesta”!) no programa de recuperação deste belo aparelho. Mas como é grátis, é preciso esperar na fila…

Chegada ao Acampamento de Partida

1ª Etapa – Etapa Xmile Cycle Team: Boumalne Dades – Aknioun (115kms, 2770mts acumulado):

A 1ª etapa é a mais assustadora, não só pelas duas grandes subidas do dia que atravessam as montanhas do Atlas, tendo a 2ª maior inclinação, como também pela 1ª descida, para a qual muito tínhamos sido alertados para o perigo. Como sempre, no início de uma prova destas, o arranque é incrivelmente rápido! São cerca de 20k planos e rolantes, em que todos querem posicionar-se bem e chegar o mais à frente possível. Muitas quedas e bidons pelo chão logo no início. Logo ao km4 vejo o Marco Chagas e o Nuno Margaça parados numa berma já com um problema num pneu. Não me preocupo e sigo, pois eles estão em equipa de 3, juntamente com o Pedro Serras, e juntos arranjam solução. Foi sempre a dar gás até ao CP1, que estava sensivelmente ao km18. Estes CPs são apenas controlos de passagem electrónicos OBRIGATÓRIOS. Eu só pensava para com os meus botões que não aguentaria este tipo de andamento rápido durante muito tempo. Mas logo a seguir vem aquilo que eu gosto: subidas! Coloco o meu ritmo e olho para a encosta, com o caminho a serpentear em curva e contra-curva por ali acima, dezenas e dezenas de atletas a decorar o quadro. Eu vou-me sentindo melhor e vou aumentando aos poucos o meu ritmo. No topo da subida está o 1º abastecimento líquido (EH), onde o nosso companheiro Paulo Quintans trata do nosso bem-estar! Enquanto coloco mais água no Camelbak, passam o Marco e o Nuno sem parar, problema no pneu já resolvido. Eu sinto-me cada vez melhor, e na suposta descida perigosa ultrapasso muita gente. Tenho a melhor bicicleta do mundo, penso, que a isso se presta e me dá enorme confiança. É interminável, mais de 1h a descer, com um cenário de montanha brutal! Páro na EH seguinte e a partir dali tudo muda: uns kms mais à frente, coincidente com a 2ª subida, duríssima, surge-me uma forte dor abdominal do lado direito que não mais me larga até final da etapa. A princípio tento ignorar, contrariar, suportar, mas é mais forte que toda a minha vontade junta, e a muito custo arrasto-me autenticamente subida acima, perdendo assim alguns dos lugares conquistados, mas pior é a sensação de impotência, porque as pernas estão óptimas, mas nem a descer a dor me deixa embalar. Chego à meta em 9º lugar das femininas e é então que percebo que o nosso José Silva ganhou a etapa e é líder do Titan! Passou-me tudo!

Eu e o Javier Carreiras na 1ª Etapa

2ª Etapa – Etapa Gold Nutrition/Espigão Suplementos/5Quinas: Aknioun – Toughach (112kms, 930mts acumulado):

Tudo está em aberto à partida para a 2ª etapa, com um perfil muito mais amigável, embora ainda assim nada fácil. Mais uma vez um arranque fortíssimo, pois tratava-se de embalar o mais que se conseguisse e tentar apanhar grupos para nos protegermos do vento. Começo a perceber que há muitas “individuais” com muitos ajudantes a trabalharem para elas. Eu vou tentando apanhar umas rodas… Hoje não há dor que me abale, mas claro que a etapa anterior deixou algumas marcas em todos. Nas constantes mudanças de direcção e cruzamentos (sempre balizados) desta etapa perde-se algum ritmo e encontramo-nos muitas vezes de cara ao vento, mas mesmo assim consigo imprimir um bom ritmo e passar por algumas participantes femininas, embora tal seja enganoso uma vez que muitas delas estão em dupla mista e não são, portanto, adversárias. Eu continuei em 9º lugar, e o nosso José Silva manteve a camisola de líder mesmo não tendo ganho a etapa. Também o Marco e o Nuno não tiveram problemas mecânicos nem cãibras, sendo que só os vi na partida! O Pedro Serras dizia ter “partido o motor” quando o apanhei já a uns 10/12kms da meta e veio na minha roda até ao acampamento. Uma nota: nesta noite dormimos a 2000mts de altitude, e sempre andámos em cotas não inferiores a 1500mts. O frio de manhã cedo e à noite contrastava com as temperaturas abrasadoras durante o dia. Bem-vindos ao deserto!

"Chupa ruedas" na 2ª Etapa

3ª Etapa – Etapa Bikes World: Toughach – Lamdoure (108kms, 1120mts acumulado) – ETAPA MARATONA:

O Titan não é o Dakar em bicicleta por nada. É que entre muitas outras semelhanças, tem também uma etapa Maratona, em que não existe assistência mecânica ou de massagens. Os atletas carregam o que precisarem para esse dia e para o seguinte, sendo que a organização providencia uma grande tenda comum, banhos e alimentação. Quem quiser opta por carregar saco-cama, roupa lavada ou lavar a que tem e o mais que achar necessário. É peso, mas também é conforto, o que significa melhor descanso. Esta etapa volta a ter uma grande subida nos primeiros 40kms, e uma boa descida para recuperar lugares, e depois alterna subidas e descidas sem grande expressão, mas a perfazerem o acumulado de mais de 1100mts e a dar-nos belos cenários de montanha desértica. Já falei do vento?? E já falei do calor?? Pois o dia da etapa maratona teve tudo isso elevado ao infinito. No total, bebi mais de 6lts de água neste dia! Consegui apanhar um grupo no momento chave e esfalfei-me, desgastei-me e dei tudo o que tinha para me manter lá, ou seria uma batalha dura, solitária e inglória contra o vento. O momento em que finalmente vejo o acampamento depois de uma curva, escondido atrás de uma montanha foi uma quase catarse! Catárticas foram também todas as horas passadas naquele acampamento num cenário de eleição, em que tive a sensação de sermos aventureiros em locais totalmente inexplorados. E assistir a mais uma entrega da camisola de líder ao José Silva sob o céu estrelado, um privilégio só reservado a quem não tem medo do desconhecido.

O saco-cama muito bem acondicionado agarrado ao guiador...

4ª Etapa – Etapa Ciclomarca: Lamdoure – Erg Znaigui (98kms, 585mts acumulado):

Acordo com dores de garganta… mau sinal, mas não tenho tempo para pensar nisso! Vamos à 2ª parte da Etapa Maratona, com um desnível mais simpático, pelo menos assim parecia… As montanhas ficam para trás e adensamo-nos cada vez mais no deserto. O vento e o calor não dão tréguas, tento rolar com pequenos grupos, por vezes apenas 2 ou 3 (equipas), mas umas vezes são mais lentos, outras mais rápidos. Estou há quase 10kms sem água mas na cauda de um grupo bom em que seguia o José, um amigo de Huelva, quando chego à última EH, guardada pelo nosso Paulo Quintans. Bebo muito e encho o Camel, enquanto o Paulo me diz para me despachar e não perder o grupo. Isso queria eu Paulo! Não mais o apanhei e o vento contra foi atroz, mais de 20kms rigorosamente sozinha, numa luta com a minha força de vontade e de pernas. Jamais me passou pela cabeça poupar-me, fui tão depressa quanto pude num combate mano a mano com as nuvens de poeira que aquela ventania levantava, completamente seca por dentro, por fora e com a poeira a invadir-me pulmões e garganta. A cerca de 8/10kms apanho o Borja, um amigo que fiz no avião, e ele ia pior que eu. Digo-lhe para se manter na minha roda e vamos paulatinamente, com o vento cada vez mais forte, até que a uns 3kms começamos a ver o acampamento mas parece que nunca mais lá chegamos! O vento é tanto que até dificulta a visão, está tudo turvo. Mas lá cruzamos a meta lado a lado. Mais uma etapa, mais uma batalha. Estou exausta, toda entupida e agora percebo que estou terrivelmente constipada. No fim do dia, enquanto me afogo em mais de 7lts de água que bebi em toda a jornada, constato que subi ao 8º lugar e assisto à confirmação da liderança do José Silva. Amanhã é a etapa de navegação (Etapa Garmin) e a passagem das dunas.

Já sem o saco-cama mas ainda com roupa na mochila...

5ª Etapa – Etapa Xmile Cycle Team: Erg Znaigui – Merzouga (108kms, 510mts acumulado):

Depois de termos recebido no briefing da noite as coordenadas dos CPs obrigatórios, cada atleta e/ou equipa traçava o rumo que queria, tendo total liberdade de navegação. Nesta etapa tive a ajuda e companhia do Javier Carreiras, um galego que estava connosco e que era como se fosse português. Mantivemos um andamento e opções bastante interessantes. A passagem das dunas foi muito divertida, extenuante é certo. Reparei que demorámos 1h30 para percorrer 8k, sendo uns 3 ou 4 totalmente de dunas. Por vezes conseguimos pedalar nalgumas partes de areia mais dura a descer, mas nunca era por muito tempo, só vazando muito os pneus, o que era uma boa opção para quem quisesse poupar tempo. Rolámos muito bem até que aconteceu o que não podia acontecer: o CP 4 não estava nas coordenadas que nos tinham sido dadas, e nem sequer próximo, não se avistava. Apercebemo-nos porque nos avisaram, são as vantagens de andar no meio do pelotão. A mesma sorte não tiveram os da frente, entre os quais o José Silva, que neste dia viria a perder a liderança por um erro claro da organização. Foram no total 4kms a mais, para ir ao CP e voltar. A minha moral caíu um pouco mas o ânimo do Javier ajudou. Não sei se já falei do calor e do vento… Já?? Estou-me a repetir porque eles se repetiam, dia após dia, etapa após etapa, a desidratação, a sensação de secura e de luta inglória contra um vento implacável, que nesta etapa quase me derrotavam, não fosse a protecção do Javier. A cerca de 15kms do final, somos apanhados por um grupo onde seguiam várias raparigas com os “gregários” delas e/ou equipas. Por esta altura já eu tinha travado conhecimento com várias, e mantive-me ali, o andamento estava mais que bom. O Javier, que ainda tinha energia, foi-se afastando e fez uma boa ponta final. O momento bonito do dia foi as 4 raparigas terem cruzado a linha de meta ao mesmo tempo, e os rapazes atrás. O momento feio foi a organização não ter tomado a decisão justa que preservasse a verdade desportiva…

A etapa-rainha, inesquecível!

6ª Etapa – Etapa CCRE Ciclistas Comunes Retos Extraordinarios: Merzouga – Maadid (65kms, 300mts acumulado):

Na etapa de consagração corri com as cores dos meus amigos colombianos do CCRE. Que difícil foi encontrar um ritmo, sensação de pernas pesadas, pulsação que não sobe, vento que não dá tréguas, calor ao qual não nos habituamos… mas está quase! E como sempre, vou tão rápido quanto posso, e só não faço o que não posso, apesar de ser o último dia e poder ter a tentação de abrandar. Mas não quero perder pitada! Não posso porque está quase a acabar e sei que amanhã estou aliviada mas depois de amanhã já estarei nostálgica, e agora estou aqui a escrever este texto e cheira-me a incenso, e todas as manhãs falta-me o “Buenos días Titanes” que se ouvia no acampamento após o despertar, e oiço a mesma música que passava todas as manhãs… Terminei o Titan no 7º lugar feminino, mas não terminei a minha vivência do deserto, não terminei a partilha que não se esgota com este texto, e as amizades que fiz ficam para sempre…

Última etapa, vestida com cores colombianas: CCRE!

Como se pode ler no Race Book da Titan Desert by Garmin: “As emoções são vida, tudo o resto não passa de uma pausa….”

Corto a meta com a bandeira de Portugal na mão!
A todos quantos me ajudaram neste sonho: Bikes World Portugal, OnebuyShop (GPS Garmin), Ciclomarca Bicicletas, rodas Speedsix, Espigão Suplementos/Gold Nutrition, Xmile Cycle Team, todos aqueles que directa ou indirectamente estiveram envolvidos no concurso e na votação, e a toda a comitiva portuguesa  – BEM HAJAM

segunda-feira, 27 de julho de 2015

DUATLO BTT "Grupo VALCO" - Leiria

Um Duatlo organizado pelo Clube Mozinho Aventura, patrocinado, entre outros, por uma fábrica dedicada à utilização de madeira e fabrico de portas, pavimentos, roupeiros e afins - Grupo VALCO...


Só podia ser um Duatlo BTT... para se realizar no meio da "madeira" dos pinhais e eucaliptais adjacentes à instalação fabril, situada na localidade da Caranguejeira, a 15kms de Leiria. 

Mas não foi só no meio dessa madeira que andámos.... também andámos DENTRO DA FÁBRICA, por entre blocos de madeira, portas e paletes, inebriados pelo odor amadeirado (eu gosto, porque será??) que se sentia dentro e fora dos pavilhões, e nos corredores de maquinaria pesada... 


Isto porque o segmento de corrida deste Duatlo, era quase inteiramente disputado "indoor", à sombra, no fresco das instalações fabris. E esta hein??

Saía-se, por vezes, para o exterior, e corríamos ladeados de grandes pilhas de madeira...


Quanto ao segmento de BTT, já não se pode dizer que tenha sido fresco ou à sombra! Bom, sombras havia por vezes algumas, aqui e ali, mas o calor não deu tréguas!

Nova moda: dorsal virado para cima!
No seu todo o segmento foi espectacular e muito desafiante: "paredes" para subir, estradões em eucaliptais onde dava para descansar um pouco, single tracks alguns bastante técnicos, e até a passagem num pista de motocross, a desafiar os nossos "motores" a pedal!

Foto: Joaquim Amândio Santos

Há momentos em que julgamos estar bem e afinal não resulta... Há outros em que pensamos que tudo vai correr mal, e afinal até resulta... Vá-se lá perceber!

Vet II
A conclusão que tiro é:

Mais vale um dia bem passado, mesmo que não no nosso melhor, do que um dia mal passado no sofá! ;-)

Senão, como é que iria viver estes momentos:

Clube Garmin Olímpico de Oeiras
E estes então, a cereja no topo do bolo:

2º lugar por equipas femininas: Garmin Olímpico de Oeiras

"A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos conforme o metal de que somos feitos." (George Bernard Shaw)

Bravo Mozinho Aventura, pela experiência diferente que nos proporcionaram!

FOTOS: TRIATLO PORTUGAL/ Clarisse Henriques

sexta-feira, 17 de julho de 2015

SkyRoad GranFondo Serra da Estrela

Agora a frio já posso contar a aventura SkyRoad na Serra da Estrela...



A frio já posso olhar para estes picos e contar os que já fiz (ainda faltam muitos, mas 5 já cá cantam...)


A frio já me posso orgulhar de ter cumprido os 131kms, 3900 de desnível acumulado e de ter superado o tenebroso "Adamastor" em 06h22, nem sempre com um sorriso na cara mas sempre com a vontade de nunca desistir... Isso teria sido muito "fácil"...


A frio já posso sentir-me feliz, depois do momento menos feliz, por ter feito o que fiz! :-)

Feliz por ter tido a ajuda e o incentivo dos meus amigos...

Nuno Emídio, e viva o Benfica!
Feliz por ter saúde para enfrentar desafios difíceis; por ter ânimo para suplantar as adversidades; por ter a resiliência necessária para jamais atirar a toalha ao chão, mesmo quando as coisas não correm conforme os planos...


Feliz por ter trazido esta medalha de Finisher para casa, mesmo que o merecido troféu ainda não tenha chegado na volta do correio...


Feliz por ter um Xmile na camisola...


Feliz por ter amigos Xmile onde quer que vá....

Nuno Emídio, Liliana de Jesus, eu e "Paulinho" Reis
Feliz porque quem tem amigos tem tudo!

Nuno Emídio, Liliana de Jesus, eu e Piedade Coelho
É verdade que menos feliz quando fui afectada por uma falha da organização, mas feliz por saber aceitá-la agora a frio; a quente confesso que foi uma desilusão algo difícil de aceitar....

Agora vejo melhor... O calor que se fazia sentir na Serra a todos atingiu, a exaustão não ajudou, e a sensação de que podia e devia ter feito melhor toldou-me a mente. Mas o essencial é invisível aos olhos...

No fim foi bom; foi muito bom... foi uma boa lição porque ajuda a distinguir o essencial do acessório... As desilusões ajudam-nos a superar e a separar aquilo que é realmente importante. E o que é importante é saber que a minha força e o meu empenho é que me carregaram até à Torre, e a ajuda e o incentivo que os meus amigos me deram foram o pavio que era preciso acender no momento certo....

OBRIGADA a cada um deles, e até ao Adamastor eu agradeço... Sem esse "Mostrengo" (como lhe chamava Camões) como é que íamos poder ultrapassar os nossos receios, as nossas limitações, as nossas dúvidas??

Sem "monstros" não há heróis....

Es en los reveses donde sale a relucir la clase, es en la adversidad donde uno deja de ser deportista para convertirse en héroe." (Javier Lara)

P.S: Obrigada também ao Espigão Suplementos: não sei quantos géis, barras e electrólitos Gold Nutrition tomei.. sei que sem eles não teria tido nem energia, nem equilíbrio de hidratação que me permitissem não ter tido uma única cãibra, apesar de todo o esforço, e apesar do sal que perdi... Bem hajam! 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Campeonato Nacional de XCM - Piranhas, Gatos e Amigos

O que é que o Campeonato Nacional de Maratonas tem a ver com Piranhas? E com Gatos? E com Amigos??

Eu respondo: tem TUDO a ver!

Piranhas... porque são as Piranhas do Alqueva que organizam uma das melhores, mais duras e mais bem organizadas maratonas em que tenho participado;

Partida das Femininas federadas

Gatos... porque quem gosta de gatos, gosta sempre! E os gatos também parecem gostar de bicicletas...

Kikas e Epic Sworks!

Amigos... porque em Reguengos tenho muitos, graças a Deus!

Family, Bikes and cats!

E amigos, muitos, também nisto das bicicletas!

Eu, Celina Carpinteiro (Campeã Nacional Elites), Orieta  (5Quinas) e Lisa Torpes (Campeã Nacional Masters 40)

Tive a honra de vestir o único equipamento oficial da equipa 5Quinas/ Município de Albufeira presente nesta Maratona...

E consegui levá-lo ao pódio!

1ª Lisa Torpes (BTT Loulé/BPI), 2ª Clara Prazeres (Anipura/Nutrimania), 3ª Filomena Gomes (5Quinas/ Município de Albufeira)
Além disso, no pódio também estava a minha amiga e colega da equipa de estrada 5Quinas Lisa Torpes, aqui a representar a equipa do BTT Loulé/ BPI, que se sagrou Campeã Nacional de XCM. Dupla presença 5Quinas! ;-)

Pelo caminho pedalei a valer sem perder o sorriso...


Sofri a valer com o calor que se fez sentir, temperaturas a rondar os 40º...

O sinal com a mão era de "kaput", "morta", "acabada"!
Ajudei a minha amiga Liliana da 5Quinas, aqui a correr pelo BTT Seia... felizmente que o susto foi grande, a pancada na cabeça/capacete também, mas felizmente não houve sequelas graves...



E no fim deste caminho com 90kms de distância, 1600mts de subida acumulada, 40º e muitos graus nas poucas sombras, um furo ao km8 mas que nem necessitei de parar ou desmontar... No fim trago para casa as pernas a doer e o bronzeado de "pedreiro"...


Mas também trago, esta "coisa" (a 2ª numa semana) que pode parecer banal, mas traduz o suor que escorreu pelo meu corpo todo naquele braseiro alentejano; a minha vontade de não baixar os braços, mesmo que tenha quase desfalecido entre o km 50-60; mas o querer foi mais forte que o sentir...



E ainda... e ainda trouxe este momento...


A força do abraço não aparece na fotografia,  isso é só para nós! Não é só desportivismo, é autenticidade!

Muita coisa se poderia dizer, mas para mim é isto.

Organização 5*: obrigada Nuno Machado, Jorge Conde e Piranhas do Alqueva, pelo empeno de luxo que nos deram!

Agora é tempo de recuperar...

"Tough circumstances elevate you to be the worst you can be, or the best you can be..."
(Nando Parrado, sobrevivente do acidente aéreo nos Andes em 1972)

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Campeonatos Nacionais de Estrada Femininos

Campeonatos Nacionais são coisa séria...


Então vamos lá falar a sério:

De como esta equipa - 5Quinas/ Município de Albufeira - se entende, se sintoniza, compete e se diverte;
Em Setúbal, entre as duas provas do Campeonato

Do espírito de camaradagem e de altruísmo que reina no seio da equipa;


Da forma descontraída mas concentrada como encaramos a competição;

Reunião com o nosso Director Desportivo

Da importância de uma prova (neste caso duas: CR e fundo) como os Campeonatos Nacionais;


Das 7 medalhas (prata e bronze) que a equipa trouxe no total dos 2 dias;
Liliana de Jesus (3º lugar no CR Elite), Filomena Gomes (3º lugar no CR Masters) e Lisa Torpes (2º lugar no CR Masters)

Da dureza do percurso de Contra-Relógio;

Foto: Paulo Martins
Dos obstáculos que enfrentámos (igual para todas) no percurso em linha: vento fortíssimo na Malveira da Serra, subidas sendo uma em paralelos, tampas de esgoto, lombas, obras na estrada;


Do espírito lutador que cada uma de nós tem e que não nos deixa baixar os braços mesmo quando estamos para lá do nosso limite;


Isso é ter fibra de campeãs!

Celina Carpinteiro e Daniela Reis
Isso é amar o que fazemos!


Isso é ter ORGULHO em ser 5Quinas/ Município de Albufeira!

Filomena, Lisa e Liliana
No fim... no fim as medalhas contam sim, são importantes pois significam o nosso sangue, suor e lágrimas... Estas ainda contam mais, as risquinhas vermelha e verde só são plenamente compreendidas por quem se movimenta neste meio e sabe o trabalho que está por detrás delas...


Às minhas colegas de equipa e amigas, os meus Parabéns a todas e um muito Obrigada por ter o privilégio de partilhar estes momentos convosco!

Um agradecimento especial também ao Nuno Emídio e ao Nuno Silvestre e rodas Speedsix, estas facilitaram-me muito a vida, mas as pernas têm de dar ao pedal!

Lisa Torpes e Nuno Silvestre

Se estou satisfeita com o que fiz nestes Campeonatos? Não estou satisfeita, estou contente!!! Tiro tudo de positivo, e muitas coisas novas que aprendi. E ter uma "coisita" destas em casa deixa-me feliz!


"True heroism is remarkably sober, very undramatic. It is not the urge to surpass all others at whatever cost, but the urge to serve others at whatever cost." (Arthur Ashe)