terça-feira, 24 de junho de 2014

QUEBRANTAHUESOS: Uma Aventura nos Pirenéus (Sabiñanigo)

Sabina-QUÊ??

SABIÑÁNIGO - município da província de Huesca, em Aragão, à porta dos Pirenéus. 

QUEBRANTAHUESOS, ou abutre-barbudo (Gypaetus barbatus), é um abutre originário das montanhas da Europa, Ásia e África. Também é conhecido por abutre-das-montanhas, abutre-dos-cordeiros e quebra-ossos. O seu nome deve-se ao facto de atirar ossos e carcaças das suas presas, de grandes alturas, para os soltar e partir contra as rochas e assim poder ingeri-los para se alimentar. Ave de grande porte, atinge 12,5 quilos de peso, 1,10 metros de comprimento e 2,75 a 3,08 metros de envergadura.




COL DE SOMPORT - 1 640 mts de altitude;
COL DE MARIE BLANQUE - 1 035 mts de altitude;
COL DU PORTALET - 1 795 mts de altitude;
HOZ DE JACA - 1 254 mts de altitude.

Cols, cols e mais cols! E está quase tudo dito...

Mas esta é uma história que merece ser contada, não ao pormenor - porque para isso seria preciso lá ir para perceber - mas pelo menos resumidamente. Um resumo que irá forçosamente pecar por defeito...

Como é que poderei transmitir toda a emoção e diversão de uma viagem auto de 900kms com amigos sempre bem-dispostos e a rir??



Como é que poderei transmitir todo o ambiente espectacular que se vive na localidade nos dias que antecedem a prova? Os ciclistas e bicicletas que se vêem, de toda a espécie e feitio, nacionalidades, idades, capacidades, género, aspecto mais ou menos "pro", amantes e apaixonados pela bicicleta, aspirantes a bons lugares na classificação ou simplesmente gente que veio para desfrutar?

Como é que poderão perceber como é que foram precisos 20min, SIM 20 MINUTOS, até podermos COMEÇAR a pedalar? Devagar, bem devagar... 



Como é que poderei transmitir toda a beleza do percurso? O serpentear das estradas montanha acima, montanha abaixo; a visão dos topos ainda nevados, as percentagens de inclinação que temos de superar, km a km, pedalada a pedalada?


Foto: Paulo Reis

Como é que poderei transmitir a sensação de pedalar devagar, a bicicleta quase sem andar, suor que me escorre pelo rosto e cai nos olhos e arde, e cai no guiador, no GPS, nas pernas, nos sapatos, e me turva a visão e o discernimento? Mas no meio disto só oiço "Animo, animo campeona, no falta nada, venga, venga"!!!!!!! 1 kilometro, 1 kilometrito más, que no és nada"!!!!! 

E como é que poderei transmitir o que é rolar a alta velocidade, "escoltada" pelos meus amigos Xmile, numa auto-estrada propositadamente fechada ao trânsito para o pelotão QH, de Sabiñánigo a Jaca, perto de 15kms de velocidades alucinantes, antes da aproximação ao 1º Col (Col du Somport)?

Pois, não é fácil.... e vocês que estão a ler, não estão a ver nada...

Não estão a ver o Helder PERDER literalmente um PEDAL no meio da loucura deste pelotão!!!

Não estão a ver terem de esperar que passasse quase todo o pelotão (estamos a falar de uns milhares de ciclistas) para ir à procura do pedal caído no meio da auto-estrada!!! E achá-lo! E "atarraxá-lo" ao crenque só com as mãos como ferramenta... e ter de ir assim com o "coração nas mãos" até ao 1º ponto de assistência mecânica oficial!

Entretanto, eu sigo a alta velocidade atrás do Luís, como torpedos, e ele leva-me cada vez mais para a frente. Até que uma paragem "técnica" forçada nos separou... 

Entro na subida do Somport "sózinha", no meio de centenas de ciclistas. Vamos cruzar a fronteira Espanha-França no alto, e depois segue-se a descida vertiginosa, kms e kms de descida. No alto deram-nos jornais para colocar no peito, mas eu apenas puxo os manguitos para cima e aproveito tudo o que posso!

Cá em baixo já o calor começa a apertar... Apanho um bom grupo e sigo com eles até ao início da Marie-Blanque. E é aqui que começam as verdadeiras dificuldades. Ó Marie Blanque, Marie Blanque!



A estrada é pequena para tantos ciclistas que tentam desesperadamente não "descolar" do chão, não apear, não empurrar... As inclinações variam e algumas chegam aos 15%, 17%, 20%, outras nos 7%, 10%, numa extensão total de cerca de 8kms. Chego lá acima como todos: exausta! Está lá o 2º posto de abastecimento, cheio de gente, demasiada, mas impossível não parar. Há que repor, nutrição e hidratação. Benditas sanduíches e frutos secos! Chega de géis e barras! 


Foto: Paulo Reis
SOCORRO, preciso de uma aspirina, estou com uma dor de cabeça brutal! Calor, calor e mais calor, esforço tremendo, poucas oportunidades de bem hidratar e alimentar deram este resultado. Vou à tenda (enorme) da Cruz Vermelha e dão-me um paracetamol. Siga, que isto há-de passar!

Mais uma descida vertiginosa. Nem a consigo aproveitar a 200% porque ainda estou meio abananada da Marie Blanque. No fim da descida há um espanhol que passa por mim numa Cervelo, roda de trás empenada (1 raio partido e 1 furo sofrido) e diz-me, sem eu lhe dizer nada nem sequer me colei à roda dele: "Venga, te llevo adellante", e aí fomos, de grupo em grupo, levou-me gratuitamente atrás dele até quase perto da subida do Portalet. Não estão a ver esta camaradagem, esta gentileza, esta solidariedade entre pessoas que nem se conhecem e nunca se viram mais gordas, pois não??

Já disse isto uma vez, e volto a dizê-lo: muita gente que faz "ciclismo" devia vir a estas provas... Faz bem. Faz bem à alma. Faz bem ao coração. Faz bem à humildade. E faz bem enfrentar o desconhecido sem medos, ou com medos... interessa é enfrentá-los, sair da zona de conforto, das estradas conhecidas, das subidinhas onde já sabemos que mudança meter! 

O Portalet nunca mais acaba! É uma subida linda de morrer... e nunca mais acaba! E nunca mais se morre! É uma espécie de morte lenta... mas eu estou bem viva! A arfar mas bem viva! O meu suor não engana...

A provação não me impede de apreciar a vista: não há adjectivos! Penso em muita coisa, penso no Helder e no Sérgio, pois não sei ao certo o que se passou com a bicicleta... mas sobretudo penso no Paulinho... O Paulinho está certamente a sofrer... e eu também! Só penso que ele é que é um herói...  

Acaba a subida, de mais de 20 kms, e ainda consigo dar uma aceleradela, animada pelo público. Aqui saímos de França e entramos de novo em Espanha. Vem mais uma descida alucinante, passando pela estação de esqui de El Formigal. Há um abastecimento e não há como não parar. Para deitar fora os líquidos quentes e encher com outros fresquinhos. Que maravilha!



Resta uma subida, já em território espanhol de novo: Hoz de Jaca. É curta (3kms) mas naquela fase mais parecem 10 kms! 

Não consigo passar por nenhuma rapariga sem lhe dirigir eu própria uma palavra de "Animo". São muitas, de todas as idades, dá gosto ver.

Após o alto de Hoz de Jaca há um abastecimento líquido Maxim que me trouxe de volta à vida! Fresquíssimo! O senhor da Maxim lembrava-se de mim, da Feira... Vamos lá, que está quase!

Agora é sempre a descer... mas no fim vê-se uma subida, e quase que desfaleço ao pensar que afinal ainda há mais uma!!! Mas o público trata de nos sossegar, que é só um "repecho" sem importância, e que logo a seguir é a direito. E era! Graças a Deus!

Entramos na ponta final. Estrada plana, piso a pedir velocidade. Junto-me a mais um grupo, de umas 20 unidades, e vai tudo a puxar, à vez. Estão aqui alguns elementos com quem já tinha rolado, conheço o andamento deles. Aparece a placa que indica "Sabiñánigo - 10kms", yes!!!!!!!

Pedalamos como se não houvesse amanhã! Mas o QH ainda nos reserva uma pequena surpresa: há que sair da estrada principal  e ainda apanhar uma subida curta, sem grande expressão, mas que ali naquele momento foi uma autêntica parede para mim! Gastei os cartuchos todos naqueles kms a rolar forte. Aguento-me, e depois já estamos no percurso urbano que conduz à meta.


Passa uma rapariga por mim, e eu vou atrás dela. Passo-a de novo, e andamos nisto. A meta está à vista. Acelero, encosto-me a ela e desafio-a para um sprint. Ela alinha, e aí vou eu, ela está sem gás!

PROVA SUPERADA! 199kms entre as montanhas e o céu! 8h10 de puro ciclismo e de ciclismo puro. 

Dou os Parabéns à minha parceira de sprint e ficamos um pouco à conversa. Isto sim, é fair play e entendimento.

Citando João Garcia: "São as pessoas que fazem os lugares". Fui Feliz em Sabiñánigo! Os amigos fizeram este lugar e foram eles que fizeram a minha felicidade.


Sejam felizes!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

II Gerês GranFondo - Cycling Road: "Quel bonheur"!

O fim-de-semana em que uma autêntica onda de calor invadiu o território nacional pela 1ª vez esta época, coincidiu com a realização da edição deste ano do Gerês Granfondo!

Que dizer do Parque Nacional da Peneda-Gerês, e que dizer da Vila do Gerês?? BEAUTIFUL é dizer pouco! LINDO não basta, mágico ajuda a perceber a sensação... Mas o melhor dos melhores adjectivos não chega para descrever a beleza do lugar, as inúmeras fontes, regos de água e minúsculas cascatas que correm em qualquer canto, o som da água a cair, a frescura da vegetação, e os cenários dignos de postais ilustrados que nós, ciclistas, tivemos o privilégio de observar de cima da bicicleta!

O prazer de observar a paisagem enquanto pedalo ninguém me tira... porque eu não deixo! Isso nenhuma competição irá retirar-me, nenhuma pessoa irá dissuadir-me, e nenhuma fixação por performances desportivas irá toldar-me a visão!

Subida à Pedra Bela

Dito isto, fui para o Gerês para desfrutar, e bem, de um belo fim-de-semana fora, num cenário idílico, rodeada de amigos que tenho a sorte de ter acumulado ao longo de alguns anos nestas andanças das bicicletas! Para onde me viro, tenho um amigo que se interessa e conversa e deseja sorte. Há alguma coisa mais gratificante do que isso??

A prova é um pretexto para jantarmos numa esplanada no meio da rua, enquanto comemos a bela da posta geresiana, que tão bem me encheu os músculos de proteína para o dia seguinte!


Na prova vieram participar nomes bem sonantes do ciclismo nacional e internacional, actuais e anteriores. "Don" Miguel Indurain, portador do Dorsal nº 1 é o nome mais badalado, e aquele com que todos querem tirar uma fotografia. Mas também Vitor Gamito, que este ano regressa às estradas da Volta a Portugal, Venceslau Fernandes (aka "velho" Lau), Rui Lavarinhas e tantos outros...

"Miguellón" a vestir a camisola do Gerês Granfondo, ao lado de Venceslau Fernandes

Parto muito bem acompanhada, e começo a sentir a força comigo enquanto carrego nos crenques. O jersey do Campeão do Mundo está ao meu lado, e o Xmile tenho-o no equipamento e nos lábios, sempre!

A bicicleta leva-me onde eu quero, e o que eu quero é sentir o vento na cara, a emoção no coração, e a força nos pedais. A "voar sobre os centrais" entro na 1ª subida a sério, de 10kms de extensão, e a "talega" não me deixa ficar mal. Ela carrega-me até ao alto, à Porta do Mezio, onde estava localizado o 1º abastecimento.

Um abastecimento onde não faltava nada!

Daí é sempre a descer, a velocidade alucinante, em piso bom, e numa paisagem deslumbrante.

Depois da descida vêm as subidas, e conta-se entre elas uma subida inclinadíssima, em piso de parelelos muitíssimo irregulares, toscos diria eu, em que é preciso engrenar as mudanças todas para a bicicleta andar.

A dada altura entramos em Espanha, e temos elementos da Guardia Civil em vez da GNR a indicar o percurso. Passamos em Lobios, e vamos em direcção à fronteira novamente. Sigo em grupos variados, raramente sózinha, e vou avançando de grupo em grupo, porque alguns grupos estão muito lentos para a minha vontade de pedalar! :-)

Não guardo na memória muitas mais subidas, tirando as duas subidas míticas do dia: a subida até à Portela do Homem, e a subida à Pedra Bela. Para a Portela do Homem são cerca de 13kms maioritariamente em subida. Imensas fontes pelo caminho, numa estrada de montanha lindíssima, curva e contra-curva e os ciclistas a aparecer e a desaparecer em cada uma. No alto, quase a cruzar a antiga fronteira, está o 3º posto de abastecimento, em que muita gente se detém imenso tempo, eu incluída. Muita necessidade de líquidos e sais, devido ao calor que se faz sentir. São cerca das 14h em Espanha, 13h em Portugal...

O "meu" jersey arco-íris está à minha espera e cruzamos juntos a fronteira. Entramos em Portugal e o estado da estrada diz tudo! Thumbs down.. Mas é linda, parece um túnel fresquíssimo por entre o arvoredo! Vale a pena, mas agora as pernas não querem saber disso.

Cruzamos a Portela de Lorne e então sim, é sempre a descer em piso magnífico mas onde toda a atenção é pouca, perante os cotovelos da estrada. Benditos travões novos montados na véspera! Yuppy!! A atenção redobrada não retira que me maravilhe perante a paisagem, onde já se começa a ver a albufeira da barragem. Simplesmente de cortar a respiração!

Resta a subida ao miradouro da Pedra Bela e depois a descida para a meta... É atroz a subida! Primeiro porque temos demasiados kms nas pernas, e com demasiado calor; 2º porque são os declives maiores, conforme as indicações colocadas pela organização, com indicação da extensão dos troços e inclinação média. São cerca de 4kms até ao topo, e há demasiadas inclinações de 10%, 7%, 9%, 6% para o meu gosto, mas agora já quase nem me lembro! ;-)

A bicicleta não quer andar nem na mudança mais leve, procuro forças que nem sei que tenho, agarro-me aos manípulos, carrego nos crenques, e ainda consigo sorrir!


Resta a descida, que se revela ser um enorme massacre: piso muito mau, ainda me sinto a chocalhar! Ganhei umas bolhas nas mãos mesmo com luvas, e suspirei de alívio quando entrei de novo na estrada principal que conduz à Vila do Gerês!

O meu GPS marca 6h20 de tempo decorrido, 160kms e 3000mts de subida acumulada. Mas o que ele não marca são as sensações que vivi, o suor que escorreu pelo meu rosto, o sal que está agarrado às fitas do capacete...

Levo para casa um enorme e bonito troféu, mas também levo o registo não do GPS, mas sim do meu personal log book, e o que aqui escrevo no blog, se bem que o que escrevo fica aquém dos 2 dias de felicidade que vivi, e que são pessoais e intransmissíveis.

Obrigada à organização do Gerês GranFondo e ao experiente Manuel Zeferino, por uma prova irrepreensível, dentro da minha modesta opinião.

E agora... recuperar porque Sábado há mais! ;-)

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Triathlon Training

Ele há melhor forma de passar o fim-de-semana do que a fazer aquilo que mais gostamos, com pessoas de quem gostamos??

Junta-se a fome com a vontade de comer (duas pessoas com paixão pelas mesmas coisas) e temos uma receita deliciosa para 2 dias fantásticos, com pedaladas, braçadas e passadas aceleradas, em diferentes localizações geográficas da zona Sul.

Sábado, Contra-Relógio Individual até Évora.


Domingo, uma espécie de Aquatlo:

- Natação na Lagoa de Albufeira;


- Corrida Trail na área à volta da Lagoa.


LIFE'S GOOD, WITH GOOD FRIENDS!

JUST DO WHAT YOU LOVE!

What else??

segunda-feira, 2 de junho de 2014

XTerra Portugal - Golegã: Road to Hawaii!

"I don’t like excuses and have never had much time for people or bike riders who make them." (Mark Cavendish)

Etapa portuguesa do circuito mundial de Triatlo off-road XTerra, a realizar na Golegã... Eu lá ia perder um evento destes quase à porta de casa??

Prova organizada pela Secção de Triatlo do Núcleo Sportinguista da Golegã, em estreita colaboração com o responsável internacional do XTerra, em presença há várias semanas na Golegã para o efeito...

Só podia sair daqui um valente empeno! E está (quase) tudo dito!

Briefing
O ambiente estava do melhor: a Golegã estava há vários dias cheia de triatletas internacionais, da Europa e até do continente americano, que se deslocaram para participar na etapa portuguesa deste circuito mundial, campeão do mundo (Espanha) incluído.

Uma variante do Triatlo que combina BTT e Trail Run... É a minha praia!

Parque de Transição
Mas foi tudo menos praia!

Natação normal para mim, circuito de 2 voltas, a perfazer 1500mts, sendo que tínhamos de sair da água e voltar a entrar, em mergulho. Ups, que os óculos saltam! :-P

Partida da Natação (Foto: XTerra)
"Ala" para o BTT que é disso que eu gosto!

Muita coisa ouvi (já tinha o "brainwash" feito) quanto à dureza do percurso. No início estava a achar espectacular, e continuei a achar espectacular, mas era exigentíssimo e quem tivesse menos técnica iria ter a vida muito complicada. Desengane-se quem pense que os Triatlos BTT são acessíveis e basicamente em estradões, com alguns pequenos obstáculos!

O XTERRA não é isso!

XTERRA = DUREZA!

Acho que não deve ter havido ninguém que não tivesse empurrado nalgum lado, ou que não tivesse "beijado" a terra e as pedras do solo pelo menos uma vez! Eu fiz a minha parte: comi terra 2 vezes! Uma por teimosia, pois meti na cabeça que havia de descer um troço que tinha vários avisos a setas bem vermelhas e com a palavra "DANGER". 'Bora, quando já não der, desmonto... mas não houve tempo para isso e fui ao chão. Toca a levantar e siga!

Da 2ª vez foi num single track a subir e com uns cotovelos bem apertadinhos... Com isto tudo, já podem imaginar como era o percurso: basicamente pedra, pedra e mais pedra solta, tipo seixos aos montes, e muitos single tracks a fazer o gosto ao dedo. Já para não falar de algumas subidas tipo corta-fogo por entre seixos, em que duvido que alguém as tenha feito montado! E ainda uma travessia de uma linha de água que passava dos joelhos, com corrente (a organização colocou uns sacos de areia cheios para podermos pisar, dentro de água), bike às costas e não é que soube bem??

Foto: José Morgado
Este era um percurso em que claramente beneficiava se tivesse feito um reconhecimento... Houve muitos locais em que podia ter preparado a mudança certa ou a viragem sabendo de antemão o que aí vinha... mas enfim, fica já feito o reconhecimento para o próximo ano!

E agora vamos à corrida... A frase que citei de Mark Cavendish é aqui que se aplica...

Não gosto de desculpas e a prova é igual para todos. Excepto quando as marcações do percurso são alteradas/reforçadas após a tua passagem... Ou seja, uma marcação deficiente em certo local fez-me (a mim e a mais alguns) enganar no percurso... Corri 2kms, até que constatei que algo estava mal... voltei para trás, mais 2kms, sob sol forte e directo, já completamente desidratada... Cerca de 25minutos perdidos, entre a ida e a volta e a troca de impressões sobre o que fazer com outro colega da equipa do AC São Mamede... Ao voltarmos para trás, demos de caras com pinos/cones que entretanto tinham sido colocados no chão para desviar os atletas para um barranco à esquerda, e que quando nós passámos NÃO ESTAVAM LÁ!!!

Senti-me desiludida porque a prova já é suficientemente difícil e o cansaço já é tanto, que o que menos precisamos é deste tipo de situações, que nos consomem a energia que ainda exista e nos desmotivam, completamente. Mas DESISTIR??? Jamais!!!!

A DOR É TEMPORÁRIA, DESISTIR FICA PARA SEMPRE...

Por isso Desistir não estava sequer nas minhas perspectivas, e atirar a toalha ao chão não é compatível com a minha postura neste desporto. Praguejei um bocado, protestei é certo (os voluntários dos abastecimentos que o digam!!), sempre com o devido respeito claro, mas segui para o percurso correcto a tentar compensar a desidratação e a cólica que me afectava desde o início do segmento. Era um percurso de puro Trail Run, com diversos obstáculos e muito bonito, em grande parte à beira do rio Tejo, regressando depois à Golegã. Fiz um tempo de corrida miserável claro, com estes enganos e kms a mais, e a desidratação...

Mesmo assim cheguei com 04h48, e em 2º lugar do meu escalão... Nem queria acreditar!

Ganhei estes 2 "cortiços":

Medalha de 2ª classificada no AG, e medalha de Finisher
E ao que parece, um slot para a final em Maui, no Hawaii...

É a 2ª vez que ganho um slot para esta mesma final... O pior é o resto... :-P

Um misto de satisfação e algum desapontamento inevitável invade-me, pois constato que teria facilmente ficado em 1º lugar no meu escalão, à frente da canadiana que ganhou... O engano no percurso e o custo que isso teve para mim (fadiga, desidratação, desmoralização) ditaram que ficasse em 2º... Mas para mim, sei que o tinha feito, e isso chega-me! Todo o empenho e esforço durante o resto da prova não foram para nada. Foram para mim! E fiz assim um óptimo treino de Triatlo "longo"!

Em 2015 vou lá "vingar" este pequeno desaire!

"I never said it would be easy, I only said it would be worth it.” (Mae West)

Aloha Hawaii! ;-)


AGRADECIMENTOS:

Pela iniciativa e trabalho árduo e meritório, um enorme Bem Haja à organização do NSG e voluntários. O que me sucedeu não vos retira mérito em nada!

Aos amigos e colegas de várias equipas que estiveram presentes, me deram água (obrigada Krepe e Carolina), me deram palavras de incentivo antes, durante e depois, e me tiraram fotografias (obrigada José Morgado), e todos com quem conversei e me dispensaram um bocadinho do seu tempo (obrigada ao casal Quintela, Joana, Soraia, Pedro Silva, Jorge Duarte e esposa, Inês e Simão)! :-)