Saloios à Descoberta: Travessia Gerês - Estrela 2015

Quem não conhece ou já não ouviu falar dos Saloios À Descoberta?

Quem nunca ouviu falar deles não anda nestas andanças das Travessias e afins!

Quem não sabe quem são ou os confunde com mais grupo com um nome engraçado que anda por aí, está completamente distraído ou vive noutro planeta onde não existem bicicletas!

Os Saloios são simplesmente... os Saloios à Descoberta! O grupo de bicicleta mais castiço que eu conheço! E quando digo castiço não é só por serem bem-dispostos... É que além de gostarem de andar de bicicleta, e de terem paixão por este veículo de 2 rodas (e isso nota-se em qualquer evento que tenha o dedo do João César, do Quim "Power Ranger" e do Luís Jorge e restante rapaziada), também gostam de comer e beber e de bem receber...

Os abastecimentos dos Saloios são qualquer coisa de fenomenal! Recheados com tudo e mais alguma coisa, com uma logística bem montada e uma apresentação que não deixa nada ao acaso, os abastecimentos são uma das imagens de marca desta grande "equipa". Não falta nada de nada, nem em variedade, nem em quantidade, nem em qualidade! Por aqui se vê como gostam de tratar bem quem a eles se junta.

As Travessias dos Saloios são famosas já desde o ano de 2011, tendo essa 1ª edição ligado o Gerês ao maciço da Estrela. Em 2012 ligaram a Estrela a Évora e em 2013 (o meu 1º ano com eles) a ligação foi Évora - Monte Gordo. Uma "TransPortugal" à maneira!

A pedido de várias famílias, foi reeditada a 1ª parte respeitante ao Gerês-Estrela, em que eu tive a chance de participar. Não ia perder isso por nada deste mundo!

No cartaz pode-se ver as etapas: altimetrias, quilometragens e pontos de partida e chegada. Por isso não me vou alongar muito sobre isso.

Sem dúvida que o ponto alto destes dias todos foi a ida a DRAVE, na 4ª Etapa. Quem não conhece Drave?? Eu não conhecia mas tinha há muito vontade de lá ir. Já muito tinha ouvido falar desta  aldeia desabitada situada numa cova entre as Serra da Freita, Serra de São Macário e Serra da Arada, integrada no Geoparque de Arouca. As casas são feitas de pedra e cobertas com xisto. É uma autêntica aldeia fantasma, completamente isolada, inacessível de carro e a povoação habitada mais próxima (Regoufe) fica a 4kms (equivale a 1 ou 2h a pé!). Como aldeia fantasma que é, não tem nada: não tem gente, não tem luz nem saneamento, nem sequer rede de telemóvel, que nem para o 112 funciona!

Mas tem isto:

(Foto tirada antes da Saloiada ocupar a piscina toda!)

E a aproximação é mágica e vai-nos cativando aos poucos até chegarmos aqui a este cenário de postal ilustrado:

Eu e o Manuel "El Tractor" Martins

Olhando para o piso da foto, quem não conhece pode imaginar a loucura que isto é a nível de BTT... simplesmente BRUTAL! A descida de Drave é um desafio técnico permanente mas cuja beleza quase nos faz distrair da técnica, o que é perigoso... pela minha parte, parei tantas vezes para tirar fotos que o perigo era muito relativo! Mas o que desci com a minha Epic deu enorme gozo!

Num buraco como aquele, sem acessibilidade de carro, os Saloios fizeram questão de nos dar o abastecimento/ almoço naquele paraíso, após a banhoca a que nenhum Saloio ou acompanhante faltou na linda piscina natural que se vê acima. Para isso, os Saloios transportaram à mão o que podiam, desde bebidas a bifanas no pão, tudo para satisfazer os mais requintados desejos dos cerca de 70 participantes nesta grande aventura! Se isto não mostra o espírito Saloio de bem servir quem pedala, não sei o que o poderá mostrar... 

E para sair do buraco está-se mesmo a ver, não é?? Brutal era a descida, brutal era a subida... tanto em dificuldade técnica, inclinação, como também em beleza. E de barriga cheia as subidas ainda pareciam mais inclinadas. Mas que é que interessa isso?? Eu estive lá!!! E tu?? Estiveste?

Mas o que o cartaz não mostra, o que nenhuma palavra descreve cabalmente são os cenários brutais, os serpentear dos caminhos e estradas, a sensação de estar no topo do mundo, no meio do nada:

Aproximação a Regoufe, aldeia a 4kms de Drave

O que nenhum cartaz mostra é o espírito que se vive nestas travessias; os Saloios não perdem uma chance de saltarem para dentro de água, qualquer charco, tanque ou fonte serve:

É a pura da loucura!

Não adianta falar de etapas, de pulsações, de kms, de acumulado... ele está cá e tudo isso foi feito, mas para viver só isso vou a provas. Aqui vou de FÉRIAS! Sim, férias, para mim, isto sim, são férias, e nenhum resort de luxo é melhor que isto!

Call it magic...

Tanto assim é que até houve um dia que fiz questão de ir com o vassoura... my friend, obrigada por um dia tão bem passado na cauda do pelotão! Quando abrires concurso para assistente de vassoura, lembra-te de mim! ;-)

Nuno "TDi" Silvestre @Amarante, o Vassourinha desta Travessia!

Há lá melhor coisa que andar ao sabor do que nos apetece, e ajudar quem precisa de um incentivo, de uma mão, de um empurrão? Neste dia vimos tudo o que havia para ver, bebemos água em todas as fontes que havia pelo caminho, tirámos todas as fotos que havia para tirar. Ainda tenho de as ir descarregar e ainda vou editar estes post, pois as paisagens merecem!

Nos outros dias misturei-me com toda a gente, uns dias com uns, outros dias com outros; nuns dias andei um pouco mais, noutros menos, e a vontade de pedalar assim nunca me abandona.

Mas havia desafios para todos, singles tracks dignos de uma taça do mundo de XCO (como no 1º dia), lindo! Esse dia acabou um bocadinho tarde para os últimos.... chegaram eram 22h e noite escura! Isso também é único!

E agora o "mestre de obras", o impulsionador e grande responsável por toda esta animação, o líder nato da Saloiada:

João César

Obrigada Saloios à Descoberta! Obrigada César! Sem vocês e sem o vosso querer e paixão por nos proporcionarem o melhor, nada disto aconteceria.

Ainda bem que os Saloios existem, e também pedalam e fazem questão de parar onde e quando lhes apetece, e pedalar ao ritmo suficiente para partir quadros!

Porque senão esta mítica Travessia correria o risco de virar uma "prova", uma competição que iria desvirtuar a verdadeira essência do evento... e para isso existem tantas maratonas por aí...

Um enorme Bem Hajam a todos os Saloios e companheiros e companheiras desta Travessia!

“O homem superior vive em paz com todos, sem agir como todos. O inferior age exactamente como todos e não consegue convencer ninguém.” (Confúcio)