No passado dia 28 de Outubro, juntamente com mais 2 amigos, por iniciativa da loja Xis BikeShop, resolvemos "colar-nos" ao pelotão do Desafio Audace, que iria partir do Barreiro e iria passar na EN10, mesmo junto ao local onde moramos.
A ideia era seguirmos com o pelotão, bastante dividido e separado, até onde nos apetecesse, sabendo que o menu incluía a serra da Arrábida, nomeadamente a afamada "subida às antenas" e o não menos famoso "solitário".
A falta de treino fez-se sentir na subida às antenas, feita com mais dificuldade que o habitual. Depois veio a bendita descida, a passar pelo Convento da Arrábida, e logo depois virava-se à esquerda, em direcção ao Portinho da Arrábida, pela conhecida descida do "solitário".
E foi aqui nesta descida acentuadíssima, que se deu o impensável: a 61km/h, ouvi de repente um estoiro. PUMMMMM!
Demorei 1 segundo até perceber que era na minha bicicleta. E nesse segundo só tive reflexos para travar um pouco, porque o meu subconsciente deve ter pensado que travar não ia adiantar muito ou sequer se seria boa ideia, por isso foi só um "cheirinho" de travão...
Filme na minha cabeça: "vou cair, nada posso fazer, vou-me partir toda a esta velocidade no alcatrão". Oiço o ruído da jante a resvalar na estrada, o pneu já tinha saído da jante. Ainda soltei um AIIIIIIIIIIIIII, para os companheiros perceberem que era eu...
Resultado: mergulho de cabeça, sem arrastamento no alcatrão, 1º embate com o capacete, e logo a seguir o ombro esquerdo.
Estive um bocado estendida na estrada, no sentido contrário. Por sorte não vinha veículo nenhum, nem a subir nem a descer, e os ciclistas estavam todos muito dispersos, sendo que ali éramos só 3 naquele momento.
Ao fim de alguns minutos, e já com os outros 2 amigos junto de mim, e a bicicleta arredada para a berma esquerda, ergo o tronco. Não perdi os sentidos, mas doía-me a cabeça do impacto. Estive assim um bocado, o ombro doía bastante, mas não sabia até que ponto poderia estar mal. Só ao fim de uns bons minutos assim é que tirei o capacete. Ajudaram-me a levantar, para a berma. Um dos amigos chamou a esposa por telemóvel. Passam vários ciclistas e todos perguntam se está tudo bem. Mandamo-los seguir.
Analisamos o capacete. À 1ª vista parecia só amolgado. Depois vimos que a estrutura estava partida em vários sítios no interior. Eu ainda estava meio-abananada...
Tentei fazer rotação do ombro, mas nem pensar. No entanto, não me doía assim tanto, ainda não tinha arrefecido e a descarga de adrenalina devia estar a ter um efeito anestesiante...
Muito se conversou enquanto esperávamos o carro, sinal de que eu estava na plena posse das minhas faculdades mentais! :-) Tanto que olhei de soslaio para os "Assos" que trazia vestidos e tive o discernimento de dar graças por não se terem rasgado!
Seguimos para o Hospital (público) de Setúbal, onde fui atendida em tempo record, e muito bem atendida. Confirmam-se as suspeitas: fractura da clavícula esquerda.
Tempo esperado de recuperação: entre 1 mês a 1 mês e meio.
Saio do hospital com uma espécie de "8" improvisado com ligaduras, para manter o ombro no lugar, o qual foi substituído no dia seguinte por um cruzado posterior de venda nas farmácias e hospitais.
Nestes 15 dias que passaram, posso dizer que não desejo a ninguém o que isto dá: incapacidade permanente para desempenhar as mais básicas tarefas, nas quais normalmente nem pensamos... Desde o vestir/despir, tomar banho, cortar pão/queijo ou qualquer outra coisa, exercer força... dormir/descansar então, um horror, não havia posição possível, mesmo de barriga para cima ou do lado contrário, o mínimo movimento fazia doer tudo em redor.
Enfim, vida chata, casa-trabalho-casa (preferi continuar a trabalhar, sentada ao computador e a teclar com uma mão, do que pasmar em casa), nenhuma possibilidade de fazer algo sozinha, e as saudades de executar algum tipo de exercício mesmo que ligeiro (quem está habituado a treinar até mais que uma vez por dia poderá saber do que falo).
15 dias depois, novo raio-X. Boas notícias: já tem calo ósseo! Pode tirar o cruzado posterior, manter o braço ao peito para apoio, fazer uma vida relativamente normal, mas nada de esforços. E voltar daqui a mais 15 dias para vermos como está.
Depois da queda, aqui estão os estragos:
O capacete foi enviado para a marca, ao abrigo do programa "Crash Replacement Programme", de desconto na aquisição de um novo. As manetes precisam de partes novas, que ficaram muito riscadas. O pneu da frente trilhou ao ficar entalado entre a jante e o alcatrão, depois da câmara ter estoirado. A câmara de ar, rasgada na zona da válvula, após muita pesquisa na Internet e conversas com amigos, resolvi não voltar a arriscar utilizar da mesma marca e características, apesar de ter mais 3 rigorosamente novas...
Trata-se de câmaras de ar com líquido anti-furo da marca "Slime" e ao que parece já têm algum historial de problemas: o líquido Slime parece ser demasiado espesso, e em vez de selarem os furos, podem fazer com que a câmara deforme e encha só em certo sítio, acabando por explodir. Também, o líquido anti-furo e a alta pressão utilizada nos pneus de estrada, não são uma boa combinação, não estão preparadas para tal pressão. Tanto pneu como câmara estavam correctamenrte montados e a câmara não estava "entalada". O pneu também tinha pouco uso e encontrava-se em bom estado.
Enfim, vou trocar todas as câmaras de ar Slime por câmaras normais, e não aconselho ninguém a usá-las.
E agora, tenho de ter (mais) paciência e esperar até isto normalizar. Talvez venha a precisar de fisioterapia... E espero ao menos poder sentar-me um pouco no rolo na próxima semana!
Que saudades dos treinos, das voltas de fim-de-semana, das aulas de RPM/Cycling!
Voltarei...
Um grande BEM HAJA à loja de bicicletas Xis BikeShop, da Quinta do Conde, bem como aos seus responsáveis - a família Miranda - pelo apoio, assistência prestados e amizade!
Força nisso!
ResponderEliminarNo meio de tanto azar, tiveste muita sorte! a 61km/h, as lesões podiam ter sido bem mais graves!
boa recuperação!
Beijinhos
Rita Madaleno
Obrigada Rita!
EliminarBjinho para ti tb, bons treinos!